Pedro Parente em
dois anos conseguiu reerguer a gigantesca estatal brasileira que acumulava
prejuízos de toda a ordem, depois de tê-la assumido em meio a
uma imagem extremamente comprometida pelo avanço das
investigações da Operação Lava Jato.
Hoje a empresa
conta com a reputação recuperada; com indicadores de segurança em linha com as
melhores empresas do setor; resultados financeiros positivos - como demonstrado
pelo último resultado divulgado; dívida em franca trajetória de redução e com um
planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir
de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o país.
Porém, com os
últimos acontecimentos após a paralização dos caminhoneiros, a Petrobras se vê diante
de novos dilemas ou desafios.
Com a saída de
Parente os desafios ficam para o presidente que entra na busca de uma política
de preços transparente; de aumentar a nacionalização da produção e de refino no
Brasil; de manter a recuperação financeira, juntamente, com a manutenção da
capacidade de investimento da empresa. E fugir da pressão política do governo
federal se apoiando em regras corporativas. Outro desafio, não menos importante,
é fazer com que os investidores tenham a confiança de que não haverá controle
de preços por parte do governo.
Desde o início da
Operação Lava Jato a Petrobras passou por uma grave crise de imagem e
credibilidade, onde a petrolífera acumulou prejuízos de R$ 21,9 bilhões em
2014, de R$ 34,8 bilhões em 2015, de R$ 14,8 bilhões em 2016 e de R$ 446
milhões em 2017. No primeiro trimestre de 2018, pela primeira vez desde o
início da operação Lava Jato em 2014, a Petrobras apresentou lucro, de R$ 6,9
bilhões.
A questão dos preços é outro desafio que se coloca.
Porém, é possível observar que o preço da gasolina nos Estados Unidos, país que não pratica o controle de preços,
segue trajetória aproximadamente paralela à dos preços internacionais da
matéria-prima, elevando-se em períodos de crise e baixando depois deles.
A Petrobras faz
uso das mesmas práticas de preços competitivos para cobrir custos tributários, margens
de transporte e comércio, ajustando os preços internos de acordo com as
variações nas cotações internacionais. Portanto, não existe nenhum mal nisto.
Outra observação
interessante é que os desafios de aumento de produção e de equilíbrio da empresa
precisam estar ligados a uma boa prática de preços relacionados aos preços
internacionais.
De
outro modo, o mercado de combustíveis no Brasil está longe de ser um mercado
genuíno. Existem ainda uma vasta e complexa rede de subsídios, obrigações
e proibições que precisam ser retiradas desse processo.
Outro
ponto, é que o
governo brasileiro há muito, vem pegando carona tributária nos derivados de
petróleo. Assim, caso todos os impostos sobre a gasolina (PIS, Cofins, CIDE e
ICMS) fossem abolidos, o preço do litro, hoje, cairia 53%, exatamente a carga
tributária desses impostos que incidem sobre a gasolina, sendo que uma
fatia do caríssimo preço da gasolina é utilizada pelo governo para subsidiar o
preço do diesel ao contrário dos Estados Unidos onde o preço do diesel é mais
elevado que o da gasolina por questões de mercado, caracterizado por excesso de
procura.
Cabe lembrar que
nos EUA, cujo setor petrolífero é dominado por empresas privadas "malvadas
e gananciosas", o preço da gasolina caiu e voltou ao mesmo valor nominal
de dez anos atrás. Hoje, um litro de gasolina nos EUA está custando, em
média, R$ 1,90. Já no Brasil, cujo setor petrolífero é controlado por uma
estatal, o preço da gasolina está hoje no maior valor da história do real,
chegando a R$ 4 em algumas localidades.
É preciso entender também que as perdas de receita da Petrobras
decorrentes da venda de derivados a um preço inferior ao de referência
internacional totalizaram R$ 98 bilhões entre 2011 e 2014, portanto, nos
governos populistas. Essa é a conta que está chegando agora aos brasileiros. Será
mesmo, que é isto que a sociedade deseja?
Nessa toada, a dívida da
Petrobras aumentou em mais de 70% de 2011 a 2013, sendo o aumento mais forte de
2012 para 2013 (36%). Em termos absolutos, entre 2011 e 2013 a dívida bruta e a
líquida cresceram mais de R$ 100 bilhões. Esse movimento ocorreu em função de
uma geração de caixa insuficiente para arcar com o elevado ritmo dos
investimentos da empresa.
Existem diversas
opções de políticas em relação à precificação de derivados do petróleo. Além
dos mercados totalmente liberalizados, que podem ser compreendidos
especialmente a partir de estudos de casos de países como o Canadá e os Estados
Unidos, e os apontados pela literatura internacional.
Já o estabelecimento de fundos de estabilização que, combinados a regras
de precificação, têm o intuito de amortecer o repasse da volatilidade dos
preços internacionais aos preços domésticos deve ser acompanhado com muito cuidado
para não se cair em subsídios indesejáveis.
É evidente,
então, a necessidade de se considerar um mecanismo de amortecimento dos preços para
o Brasil através de uma política que evite o subsídio; mas, que ao mesmo tempo,
permita a previsibilidade das mudanças de preços e, consequentemente, a redução
dos riscos de investimento de potenciais entrantes no mercado doméstico de
combustíveis, através de médias móveis de preços por 30 dias, por exemplo.
Para termos uma ideia de como ocorre lá fora: os preços dos combustíveis
no Canadá são explicados majoritariamente pelo preço mundial do petróleo, além
dos custos de transporte, margens de refino, níveis de estoque e condições de
oferta local e as sazonalidades, sendo que os tributos também compõem seus
preços.
O mercado de combustíveis também é totalmente liberalizado nos Estados
Unidos e a composição dos preços e os seus determinantes são semelhantes ao do
mercado canadense, sendo influenciados principalmente pela interação entre
oferta e demanda.
Portanto, a evolução dos preços desses derivados mostra a tendência de
alta e a volatilidade a qual estão sujeitos, pois respondem às variações de
oferta e demanda mundial.
O câmbio, também é outro componente que interfere no preço da gasolina
por aqui. Isso acontece porque, desde 2011, o país voltou a consumir mais gasolina
do que produz o que fez aumentar a quantidade de gasolina importada do
exterior, que é paga em dólares. E, se o dólar custa mais caro, a gasolina que
vem de fora claro, custa mais caro também.
Segundo
a Petrobras, o preço da gasolina comum para os consumidores é formado pela
seguinte proporção: 31% são custos de operação da empresa para produzir o
combustível, 10% são impostos da União (Cide, PIS/Cofins), 28% são impostos
estaduais (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS), 15% é
o custo do etanol adicionado à gasolina e 16% se refere à distribuição e
revenda.
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