Vivemos tempos
difíceis, sabemos todos. Porém, esse é o momento para refletirmos o fato de que
nem tudo aquilo que queremos podemos concretizar; e que nem tudo que podemos
realizar é, realmente, oportuno em fazê-lo. Isto é o que nos ensina os
princípios da ética.
Assim, é justo
que se faça greve? Sim é justo. É justo fazer greve em funções e serviços
essenciais? Não, não é justo.
Segundo a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), as atividades essenciais são aquelas
que refletem diretamente na sociedade cuja interrupção pode pôr em perigo a
vida, a segurança ou a saúde da pessoa, em toda ou parte da população. E isto está
assegurado na Constituição brasileira.
Então, por mais
que os canhoneiros queiram realizar essa paralização, e de fato conseguiram,
ela está eivada de contradições, inclusive, constitucionais.
Dizer que uma
greve é para resolver os problemas do país me parece uma frase ingênua, pois as
dificuldades e a complexidade do nosso país continental são imensas e uma greve
desta natureza, simplesmente, não ajuda.
Toda a população
brasileira quer um novo rumo para o país, portanto, essa intensão não é
exclusividade dos caminhoneiros. Mas, daí querer derrubar um presidente, lá se vão
outros quinhentos.
É preciso relembrar
que o momento de mudar os governantes é na eleição e como todos sabemos as
escolhas feitas pelos brasileiros seja ela no plano municipal, estadual e
federal não tem sido das melhores. Temos uma eleição à frente para Presidente
da República; para Governadores; Senadores; Deputados Federais; e Deputados
Estaduais. Fora a isso, é populismo puro, é jogar para a plateia.
Outro ponto
importante garantido pela nossa constituição é o direito de ir e vir. Não se
pode, simplesmente, por motivo algum retirar esse direito das pessoas como
acontece com essa paralização esdruxula.
Lembremos que
tudo que o governo faz ou deixa de fazer está inteiramente relacionado conosco,
cidadãos brasileiros. Por exemplo, os caminhoneiros detectaram uma dificuldade
nos gastos de combustíveis pressionando os seus ganhos com o frete. Qual a
melhor recomendação? Seria repassar os aumentos àqueles que pagam o frete, o
comprador ou consumidor final da mercadoria e esse consumidor decide se paga ou
não por esse aumento, traduzido no seguinte comportamento: arcar como o preço
do frete, recusar o aumento do frete e não adquirir a mercadoria ou,
simplesmente, buscar outras alternativas para o problema. E não os
caminhoneiros trazer o seu problema específico a toda a população. Assim, uma
dificuldade de uma determinada cadeia produtiva recaiu pesadamente no país
inteiro. Gerando toda essa dificuldade que vivenciamos.
Eu diria até, visualizando
o enfoque capitalista, para dizer aos caminhoneiros que sejam muito bem vindos
ao capitalismo onde a cada momento tem alguém ganhando ou tem alguém perdendo. Essa
é a tônica, esse é o jogo. E não socializar um problema que é de uma categoria
e que, invariavelmente, chegaria aos nossos bolsos através do preço das
mercadorias onde o consumidor faria a sua escolha de comprar ou não o produto,
comprar menos produtos, até que a lei da oferta e da procura estabelecesse um novo
equilíbrio.
Porém, a solução
dada de o governo arcar com parte da pressão de preços do frete é jogar de
outra maneira o problema para quem paga os impostos. Ou seja, ao invés de um
determinado seguimento econômico pagar ou não pelo problema jogou-se o problema
para toda a sociedade.
É preciso lembrar
que os últimos governos esquerdistas derrubaram o país e ele precisa ser
reconstruído e para esta realização existe um preço a ser pago. Os nossos
impostos são limitados, não se pode dar concessões aqui e acolá como no
passado. Daí uma privatização total seria muito bem vinda para que o governo se
concentrasse na segurança, na saúde, e na educação contemplando uma carga
tributária menor aos brasileiros.
Ah! Muitas vezes
aparecem os argumentos: os caminhoneiros são pessoas sofridas. Mas, quem aqui
no Brasil não tem uma vida sofrida? Pensaram nos aposentados, nos professores,
nos médicos? Apenas para citar alguns!
Outros irão dizer
que os políticos têm uma vida boa. Sim, é preciso perceber que, realmente, os
políticos brasileiros produzem pouco, nos custam muito caro e que é preciso
resolver isso também. Certamente não será com greve. Lembrando que não existem
milagres dos humanos, fomos nós o povo brasileiro quem elegeu os políticos,
eles não caíram do céu!
O país tem
problemas? Sim, tem muitos problemas e é preciso resolvê-los. Não os
resolveremos piorando a situação. Apostando no quanto pior melhor.
Estamos todos
descontentes com os políticos. Mas, a mudança dos políticos se faz nas
eleições. Lembremos que o nosso sistema eleitoral promove de quatro em quatro
anos a possibilidade de novas escolhas. A pergunta é: será que estamos
utilizando bem esta oportunidade?
As dificuldades
que enfrentamos vêm, principalmente, dos 13 anos do Petismo no poder que,
simplesmente, destruiu o país. Essa é uma discussão séria e necessária.
Precisamos
lembrar que o povo que quer mudanças pretende votar naqueles que destruíram o
país? As atuais pesquisas mostram isso!
Antes de fazer
uma greve insana e ilegal é interessante lembrar que o serviço de transporte é
um setor essencial da economia, portanto, não pode fazer greve. Aí eu pergunto:
será que passando por cima da constituição resolveremos alguma coisa?
A situação do
país é grave. Precisamos sim pensar mais adequadamente, como remover um sistema
tributário que se enlouqueceu no decorrer do tempo, numa reforma política, numa
reforma da previdência e no fim dos privilégios.
A sociedade
precisa escolher entre um estado gigantesco e um estado coerente, pequeno,
necessário. Pois, o atual não cabe dentro do excessivo nível de impostos
cobrados da população.
Ah! Os juros são
elevados! Claro que sim. Com um estado gigante não poderia ser diferente.
Assim, o estado gigante e devedor, precisa rolar suas dividas pagando juros. E
a lógica, dos juros é a de que quem deve mais, paga juros mais elevados para
rolar a sua dívida.
Por outro lado, dar
isenções a qualquer categoria fere o princípio da isonomia das leis. Elas
somente devem ser implementadas para incentivar um segmento novo e que seja de
interesse do país, nada mais!
Será necessária
ainda, uma ampla discussão dos modais de escoamento da produção brasileira. É
preciso dimensionar e redistribuir os modais de transporte no país interligando
rodovias, ferrovias, cabotagem, etc.
Tudo isso precisa
ser discutido nas escolas. É preciso parar de vender o esquerdismo como
salvação do mundo. Pois, simplesmente, é um modelo ineficiente, que não deu
certo em lugar nenhum do mundo e que não funciona. Precisamos sim, é chegar ao capitalismo
real, sem que o estado passe à mão na cabeça de empresários dando a eles
concessões absurdas as quais, tão somente, faz aumentar os impostos dos
brasileiros e quando não, diminuir a prestação dos serviços públicos que já são
ruins por natureza.
Lembremos que
existe um eixo institucional que precisa ser preservado e seguido. E a obediência
às leis é um desses eixos primordiais.
Estamos num
momento em que precisamos de muita calma, muita cautela. Nosso país é
deficitário, com um rombo imenso nas suas contas públicas. Portanto, não nos
espelhemos no vendaval de soluções fáceis e erradas da internet para a solução
de problemas complexos da atualidade.