quarta-feira, 21 de junho de 2017

A Força do Agronegócio Brasileiro

Em meio às dificuldades brasileiras de momento, com tantas denúncias e delações de corrupção no meio político e nas empresas estatais, sobressai-se bravamente o agronegócio nacional, que se tornou, literalmente, a salvação da lavoura!
Desbravando seus próprios obstáculos, o agronegócio brasileiro, proveniente da iniciativa privada, é largamente o setor mais competitivo da economia nacional, representando hoje 20% do PIB nacional, o qual se traduz em R$ 1 trilhão anuais, com participação expressiva de 41% nas exportações nacionais.
O campo brasileiro absorve entre 25 e 30 milhões de trabalhadores empregados, o que representa cerca de 30% do pessoal em ocupação laboral no país, direta ou indiretamente.
Este ano a produção de grãos deve chegar ao recorde de 231 milhões de toneladas, sendo que na próxima década, deve alcançar 248 milhões de toneladas.
Isso se deve ao aumento de 17% da área cultivável,  porém, é a produtividade a grande responsável pelo aumento na produção, pois ela representa 90% do crescimento da produção contra 10% de outros fatores.
A pujança do agronegócio é imensa, muito embora a tendência de longo prazo sugira uma produtividade com taxas mais modestas, algo em torno de 1,6% ao ano, longe dos 4,04% de hoje – contra 2,26% nos EUA.
Os três estados que se destacam no crescimento da produtividade anual são Minas Gerais com 6,5%, Bahia com 5,7% e Goiás com 5,5%.
Com esse desempenho, o Brasil é o primeiro produtor mundial de café, açúcar e laranja; o primeiro exportador mundial de carne bovina e de aves; o primeiro produtor de cana de açúcar e líder na exportação de açúcar e etanol e se encontra na segunda colocação na exportação mundial de soja.
O que nos diferencia dos demais países, é o fato de que somos um país com vocação natural para o agronegócio devido às nossas características e diversidades, principalmente, referentes ao clima favorável; ao solo adequado; a água em abundância; ao relevo e à nossa luminosidade, ou seja, ao grau de exposição da plantação ao sol abundante.
O Brasil como o país mais extenso da América do Sul e o quinto mais extenso do mundo, com 8,5 milhões de km2 de extensão, trás ainda um largo potencial de expansão de sua capacidade agrícola sem a necessidade de agredir o meio ambiente, outro grande diferencial.
Atualmente o Brasil utiliza 40 milhões de hectares para o plantio de produtos transgênicos, perdendo, no mundo, apenas para os EUA, com uma área de plantio que chega a 70 milhões de hectares.
Segundo dados do Ministério da Agricultura o Milho com 63% e algodão pluma com 55% serão as duas nossas culturas com maior aumento de exportação até 2023.
Os números são gigantes, porém, os resultados poderiam ser ainda melhores, não fossem os déficits de armazenagens para absorção de toda a nossa produção que é crescente; o percentual de perda de 10% na pré e pós-colheita no setor de grãos, considerado alto em relação à média mundial; as dificuldades com os gargalos de logística e infraestrutura que dificultam o transporte da produção do campo aos portos de despacho; e a complexidade burocrática da legislação tributária vigente. Para termos uma ideia, a saída de uma tonelada de soja do Mato Grosso para a China custa US$ 185, na Argentina custa, US$ 102 e nos EUA, US$ 71.
Como uma atividade de capital intensivo, o agronegócio brasileiro exige máquinas, equipamentos e insumos de preços elevados e de sofisticação elevada, trazendo consigo o desafio crescente do emprego de alta tecnologia, o que se traduz na chamada agricultura precisão.
Desse modo, a agropecuária brasileira é o que temos de melhor atualmente, e se tornou num campo repleto de oportunidades, de investimento e de desenvolvimento, o qual, segundo as previsões da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), será em breve, o maior produtor mundial de alimentos; abastecendo, assim, todo o planeta. 

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cotidiano Brasileiro

O que estamos assistindo no cotidiano político do país não traz nenhuma novidade. Este é o Brasil de há muito. Mas, para que se surpreender a tudo isso, se tudo não passa de nos olhássemos ao espelho para nos deparar conosco mesmo - com a nossa própria realidade? Desse modo, bom ou ruim, esse espelho teórico nos remete à realidade que somos ou que temos! Por outro lado, não nos adiantaria trocar de espelho, pois a realidade seria a mesma - aquela reproduzida por grande parte dos brasileiros nos seus pequenos delitos diários do cotidiano, os quais, sem limites, se avolumaram como agora.
Nessas circunstâncias, alguém poderia se lamentar dizendo que não gosta disso ou daquilo, para que outros digam aquele não, mas aquele ou aquela sim está comprometido criminalmente, numa troca inútil de farpas que ocorre no dia a dia das pessoas, principalmente, nas redes sociais.
A realidade é dura, realmente. Porém, não dá para chorar agora. As escolhas foram feitas nas urnas e, portanto, não dá para alterar  as regras do jogo com o jogo em andamento!
Enquanto sociedade, precisamos conhecer os nossos defeitos e imperfeições para à partir daí eliminá-los, de forma correta, longe de artifícios e atalhos que, aí sim nos levaria ao caos absoluto. Mas, qual seria esse modo correto? Simplesmente,  optando por seguir, estritamente, as Leis vigentes no país. Basta isto!
O Regime democrático, outro desconhecido da grande maioria da população, é um sistema sutil e sofisticado que pressupõe uma sociedade escolarizada, civilizada, a qual cultua valores e se distingue pelo cumprimento das Leis vigentes. Portanto, é um sistema que requer zelo. O zelo de seguir  tudo o que está escrito em nossa Constituição, analogamente como zelamos, diariamente, do corte das unhas, do corte dos cabelos, da atenção às roupas as quais vestimos e, etc.
Uma boa democracia requer uma sociedade unida e voltada para um ideal de país. Assim, se quisermos nos tornar em um país moderno, teremos que trabalhar para isso; se quisermos ser um país de alta tecnologia, teremos que trabalhar para isso; e se quisermos nos tornar em uma sociedade de elevado conhecimento, teremos que trabalhar para isso. Não existe outro modo, somente trabalhando!
Note que o verbo é trabalhar em sintonia e em busca dos objetivos comuns, o que requer distanciamento de ideologias ultrapassadas que não chegam a lugar algum; as quais produzem apenas desentendimentos e corrupção, desprezando a prática da verdade, um dos pressupostos para uma sociedade saudável. Essa ideologia ultrapassada chama-se populismo, esse populismo barato presenciado por todos nós nos últimos 14 anos, o qual apenas pensou em si próprio; em autoalimentar-se para permanecer no poder “ad aeternum”, se tornando distante da população a qual se dizia defender como os mais pobres - maiores vítimas de todo esse processo.
De outro modo, é preciso compreender que somos um país de renda mediana, e por isso mesmo, temos que trabalhar dentro de nossa realidade, dentro de nossos orçamentos governamentais, seja ele federal, estadual, ou municipal. Assim, as políticas que emanam desses entes da federação devem ser autossustentáveis economicamente.
O país não pode viver apenas de endividamento, rolando sua dívida pagando juros elevados. Isso não funciona! Cada centavo arrecadado da população deve ser muito bem aplicado para atender as reais necessidades coletivas da sociedade, pois os recursos financeiros são  escassos. E a população precisa se inteirar disso!
Por outro lado, não se pratica a democracia manipulando a democracia e não se elimina a corrupção produzindo ilegalidades com o propósito de combatê-la.  
Todo brasileiro de bem defende a Operação Lava Jato, não poderia ser diferente. Porém, corremos o risco de melar tudo o que já foi levantado por essa Operação pela prática de ilegalidades, ou seja, sem a devida sintonia com o que está previsto constitucionalmente, o que se torna um prenúncio ruim!
O Ministério Público tem se tornado um órgão policialesco e não um órgão de averiguação das ilegalidades. Isso me parece, não conviver com o estado de direito, que nos remete ao estrito cumprimento das Leis. É preciso compreender que o Ministério Público não é um dos poderes constituídos, é um órgão secundário que precisa atuar dentro da lei buscando a materialidade das provas de modo legal, não apenas se baseando em delações, o que, lamentavelmente, vem ocorrendo.
A delação dos Batistas foi um vexame. Não se pode caçar um Presidente da República através de ilegalidades, e aqui não estou fazendo nenhum juízo de valor quanto a problemas dessa ou daquela pessoa com a justiça, mas da maneira ilegal com que se produziram provas contra o presidente. Deixo claro, que, refiro-me aqui ao cargo de presidente e não o de quem, eventualmente, o esteja ocupando. Isso não é aceito em nenhuma democracia séria do mundo!
No sistema democrático existem pesos e contrapesos entre os poderes. Nenhum poder pode sobressair ao outro. Assim, o Brasil foi vitima de uma bala perdia. Atiraram no presidente e acertaram o Brasil.  Juntemos a isso as prisões preventivas ilegais que se estendem demasiadamente, assim como a variabilidade de operações em curso que somente levantam os problemas e se tornam inconclusivas, sangrando o país, desnecessariamente.
Precisamos entender que toda legislação tem uma lógica, tem uma razão de ser. A determinação legal para eleições indiretas para presidente da república, caso haja vacância nos dois últimos anos de governo é legítima e faz sentido, até mesmo pela falta de tempo para realizar uma eleição que não seja pela via indireta. Gostemos ou não a legislação guarda sentido com a estabilidade do poder maior que é a Presidência da República. Essa é uma sutileza da legislação que, por conseguinte, é uma sutileza da democracia, que prevê o respeito genuíno às leis vigentes.
Nesse último episódio da Justiça Eleitoral. As análises atiram para todos os lados e as análises dos profissionais do direito, em sua maioria, somente falam e falam, emitindo opiniões sobre tudo, menos sobre o mais importante, aquela que traduz se os procedimentos seguidos foram ou não de acordo com as Leis vigentes. Isso se torna desnecessário à comunicação, trazendo muito ruído, levando assim ao desentendimento da população como um todo.
Grande parte da instabilidade política se esvairia se aplicássemos  as regras de acordo como elas são previstas. O que não podemos fazer é divulgar uma planilha dizendo quem é o chefe da quadrilha e não possuir provas suficientes sustentar isso!


quarta-feira, 7 de junho de 2017

A Duplicação da BR-381

A duplicação da BR-381 que liga Belo Horizonte a Governador Valadares no Vale do Rio Doce é a principal obra de infraestrutura e logística de Minas Gerais no momento. Amargamente, tem sido uma novela que se arrasta desde 2014, a qual tem prejudicado motoristas e usuários que transitam pela estrada, além da população das cidades que margeiam a rodovia.
A previsão inicial da obra era de que as primeiras etapas seriam entregues aos motoristas no ano passado, em 2016, o que, de fato, não ocorreu.
A duplicação abrange 303 km de extensão, a qual não é considerada grande, porém, é preciso levar em conta a complexidade de execução da obra, dado o elevado grau de desnível da região, com muitas montanhas e pedreiras a serem vencidas. 
Com licitação prevista para 8 lotes de execução a obra caminha dentro das possibilidades orçamentárias governamentais e do processo de burocracia já conhecidos aqui no Brasil. Concluídos mesmo estão os túneis do Rio Piracicaba e de Antônio Dias e Prainha.
Por outro lado, enquanto as obras não avançam satisfatoriamente, os acidentes trágicos continuam acontecendo.
Defasada no tempo a  BR-381 tem características obscuras como pistas simples sem divisão física entre as direções opostas, asfalto precário em longos trechos, ausência de acostamento em boa parte a estrada e sinalização deficitária, tendo ainda a quantidade de curvas como outra armadilha enfrentada por motoristas e passageiros. Apenas nos 110 quilômetros entre a Capital Mineira e João Monlevade, na região central da estrada, há cerca de 200 curvas, de acordo com a PRF.
Outra dificuldade importante no andamento da rodovia é a fraca mobilização política da chamada “bancada mineira” no empenho constante em Brasília para exigir dotações orçamentárias que suporte  a conclusão da rodovia. É preciso, portanto, uma articulação mais intensa entre a mencionada “bancada mineira” e o Ministério dos Transportes.
Além disso, é preciso que a obra tenha uma constância de atividades para não gerar desperdício aos cofres públicos, pois, obras paralisadas e inacabadas são as que mais prejuízos causam aos cofres públicos que, por sua vez, recaem nos impostos pagos pelos brasileiros.
Considerando o conceito econômico do “efeito multiplicador” que corresponde a um incremento de recursos através de um investimento, seja em uma obra de infraestrutura de grande porte ou outra qualquer de grande porte, o qual nos diz que o investimento dado pode gerar um incremento maior que o recurso injetado inicialmente. Podemos dizer simplificadamente, que a cada R$ 1 investido na duplicação da rodovia, R$ 3 deverão ser gerados no entorno da obra, portanto, aqui no centro leste do estado. Como a obra está orçada em R$ 4 bilhões, seu efeito multiplicador se dará a R$ 12 bilhões o que poderá alavancar os negócios e a economia da região como um todo.  
A obra em si já trás números interessantes como a contratação de 5.729 empregados; utilização de 1.220 máquinas e a terraplenagem de 48,2 milhões de metros quadrados de área para ampliação de pistas, além de consumo de 14 milhões de refeições, segundo a FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais).
Em números a Nova 381 registra mais de R$ 4 bilhões em investimentos; mais de 205 Km de pistas duplicadas; 64 obras de arte especiais como 17 pontes e 47 viadutos; 5 túneis com 2.385 metros de extensão; 20 passarelas; 99 paradas de ônibus e mais de 83.300 metros de defensas metálicas (dispositivo ou sistema de proteção contínua da estrada).
Outro aspecto interessante é a posição geográfica central de Minas Gerais; ponto de acesso, ligação e escoamento da produção proveniente do sul e sudeste do estado para abastecer o norte e o nordeste do país, o que coloca Minas Gerais como centro de integração dentro da economia nacional, especialmente, entre as regiões Sul e Sudeste e as regiões Norte e Nordeste.
Neste cenário, a rodovia se torna um dos elos de importância do desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais, direcionando um novo caminho que liga Minas Gerais e o Leste de Minas ao Norte o país.
Analogamente a isso, cabe aos setores públicos constituídos no entorno da rodovia, a disposição de aproveitar essa injeção de recursos na região para dotar seus municípios de uma boa infraestrutura de educação; saúde; turismo e do setor de serviços; vislumbrando o desenvolvimento de projetos conjuntos para atração de empresas para compor o cinturão da rodovia.
Como inspiração eu lembraria projetos ligados ao aço; computação e afins; a instalação do CEASA e de um porto seco na região; a qualificação da mão de obra local; a criação de  “corredores industriais” com investimento na qualificação profissional e incremento de escolas técnicas locais; a dinamização do setor de serviços; a criação e desenvolvimento de um polo de excelência médico-hospitalar; o setor de bioenergia; de energia solar; o fortalecimento da educação e saúde como centros de excelência; o fortalecimento da  indústria metal mecânica e de componentes automobilísticos; a atração de centros de distribuição; a implantação de um parque tecnológico; a dinamização do turismo de negócios; a implantação de condomínios industriais para empresas de médio porte; e o desenvolvimento de referência em educação e comércio.
Por fim, as cidades precisam se tornar reconhecidas pela variedade de serviços públicos oferecidos, principalmente, através da Internet como abertura de empresas em plataformas on-line, etc.