As previsões indicam mais um período de
recessão para a siderurgia brasileira neste ano de 2016, regado à baixa demanda
no mercado interno diante do cenário de retração do Produto Interno Bruto
(PIB), o que já é considerada a pior recessão vivida pelo Brasil em todos os
tempos.
O quadro ruim do setor é reflexo
da situação da cadeia de consumidores da siderurgia como o automotivo, o de bens
de capital e o da construção civil, os quais vêm sentindo o baque da crise
política e econômica brasileira que colocou os investimentos no país a compasso
de espera fazendo com que não fique descartado que mais altos-fornos das
empresas do setor sejam desligados à espera de alguma melhora do mercado.
Nessa toada, assim como a Usiminas, a
Siderúrgica Nacional deverá reduzir em 30% a produção de aço da empresa através
do desligamento e abafamento de um de seus altos fornos.
Este ano, portanto, será ruim para
o setor, tendo em vista as projeções de queda da atividade industrial, prevista
em menos 6%, relacionada a 2015, lembrando que no ano passado, o setor
registrou retração de mais de 20% em relação a 2014, fazendo o setor, amargar,
uma redução de rentabilidade que atropelou CSN e Usiminas.
Assim, o primeiro trimestre deste ano
começará ruim, principalmente, pela comparação com a base do primeiro trimestre
de 2015 que foi relativamente boa para a siderurgia.
Já a Gerdau, menos exposta ao aço plano e
com maior diversificação regional, vem como a mais bem posicionada do setor,
ancorada no fato de ter 60% de suas receitas vindas de fora do Brasil, com
ganhos ampliados pela desvalorização do real em relação ao dólar. Porém, assistiu
aos preços das ações do setor se diluir nas Bolsas de Valores, por isso, vem
procurando se ajustar ao novo contexto de mercado. Mesmo assim, a situação da
Gerdau não foi das melhores no ano passado tendo de paralisar aciarias e
promover corte de pessoal, fezendo uso da suspensão de contratos de trabalho o
chamado “Lay Off”, além de oferecer férias coletivas a seus funcionários.
Com a paralisia do mercado interno, a
estratégia das siderúrgicas passa a ser buscar espaço no mercado externo
apoiando-se no real desvalorizado.
Por outro lado, existe ociosidade da
indústria mundial, que chega a 30% de sua capacidade produtiva perto de 700
milhões de toneladas anuais, de acordo com a Associação Mundial do Aço (WSA, na
sigla em inglês), o que acaba por pressionar os preços internacionais para
baixo, trazendo desafios adicionais às siderúrgicas brasileiras.
Assim, com baixo volume de vendas as
empresas viram a quantidade de estoque crescer, associado aos fracos
fundamentos para a demanda de aço no Brasil e para os preços do aço no mercado
mundial, o que trará pressão aos fluxos de caixa para 2016 em função de maiores
despesas financeiras através do maior endividamento do setor.
Como dificuldade pouca é
bobagem, os mercados de crédito vêm olhando de lado para a maioria das empresas
brasileiras, devido a preocupações ligadas à deterioração do ambiente político
e econômico do Brasil e das incertezas relacionadas a várias investigações de
corrupção na operação Lava Jato.
Nessa conjuntura,
empresas e investidores precisam perceber que os resultados no curto prazo serão
fracos, porém que o setor necessita focar no comprometimento da melhoria de
geração de caixa e na redução dos níveis de endividamento através de menores
investimentos e potenciais vendas de ativos empresariais pelo simples fato de
que o
setor vive atualmente a pior crise de sua história.
Não há competitividade para exportar e muito menos para
barrar importações proveniente da China que crescem mensalmente, tanto direta
como indiretamente, através de bens como autopeças, que levam aço.
Assim, volatilidade,
excesso de capacidade instalada, pressão de custos, fusões e aquisições são
algumas das características da siderurgia na atualidade.
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