Os brasileiros de um modo geral comentam que a vida está mais difícil e um
vasto número de pessoas se declaram, realmente, mais pobres.
Ao olharmos para a nossa realidade a percepção é de dificuldades, muitas
dificuldades. E toda essa dificuldade se escancarou quando o governo tomou a
iniciativa de reduzir a meta fiscal deste ano, de R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB)
para R$ 8,7 bilhões (0,15% do PIB).
Assim, o governo diante de sua fragilidade jogou fora a austeridade que
nunca teve, mas que parecia acontecer, mesmo que de forma atabalhoada, e se
mostra com dificuldades para fazer a economia prometida para manter a dívida do
país sob controle. Some-se a isso a recessão econômica provocada pelo próprio
governo, que tem detonado a sua própria arrecadação de tributos, o que deixa o
caixa do governo, literalmente, sem fundos. Quanta incompetência, não?
Com a diminuição da meta, um novo bloqueio de gastos para atingir o
percentual de economia ficará em R$ 8,6 bilhões, o que significará mais um
esforço por parte da
população — tanto por meio de aumento de impostos a serem pagos, quanto por
meio de cortes de gastos (que significam conter os reajustes das aposentadorias
pagas pelo INSS, assim como reduzir a oferta de serviços de saúde, por exemplo.
Porém, a máquina governamental fica intacta, não se reduz absolutamente nada,
apenas se encaminha a conta para a caixa de correio dos brasileiros.
Com a redução da meta fiscal fica estampado o resultado direto da piora
sobre a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto), que agrega toda a
riqueza gerada pelo país em um determinado período.
Segundo os economistas
consultados pelo Banco Central na pesquisa “Focus
de 10/08”, o PIB brasileiro encolherá 1,97% neste
ano, enquanto o mercado já projeta um encolhimento do PIB na ordem de 2,3%.
As estimativas vêm
piorando semanalmente, puxada não só por fatores internos, mas também por fatores
externos, como a desaceleração da economia chinesa, principal destino de
produtos brasileiros.
Por outro lado a
deterioração das projeções segue a deterioração do cenário político que joga
mais incerteza sobre a capacidade do governo de controlar as contas públicas e
contornar a crise.
O avanço da inflação é outro caldo que se derrama sobre os brasileiros.
Até mesmo a loteria pesou no bolso. Com um ajuste de 71%, o preço da aposta
mínima da Mega-Sena que foi de R$ 2,50 para R$ 3,50 em junho acabou por ser fichinha
perto do aumento da tarifa de energia, que em 12 meses ficou em 75% em média para
os clientes da Eletropaulo, que atende a região metropolitana de São Paulo.
O índice oficial de inflação, o IPCA, projetado pelo “Boletim Focus”
saiu de 9,25% para 9,32%. Isso
significa que, se o reajuste do seu salário ficar abaixo desses 9,32%, você não
acompanhará o aumento geral dos preços e ficará, certamente, mais pobre neste
ano.
O valor do Dólar é outro vilão na novela da crise brasileira, pois se
por um lado ajuda aos exportadores, por outro, eleva a inflação interna. Ou
seja, com o dólar alto torna-se mais caro importar produtos para abastecer o
mercado interno brasileiro, seja diretamente nas lojas, seja na aquisição de peças
ou insumos por parte das empresas para atender a fabricação de seus produtos.
Segundo pesquisa da “PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios”,
com a desaceleração da economia a renda média do trabalho dá sinais de queda o que ajuda a pressionar o índice de desemprego.
Assim, o mercado de trabalho se torna outro complicador. Dados do IBGE
mostram que 1,566 milhão de pessoas entraram no mercado de trabalho no
trimestre encerrado em maio e desse total, apenas 297 mil,
encontrou emprego, o que fez elevar o índice de desemprego para 8,1%. Ou
seja, quem busca emprego esbarra em um mercado que está enxugando vagas formais desde abril deste ano, o
que justifica os dados do Ministério do Trabalho mostrando que de
abril a junho foram cortadas 316 mil
vagas com carteira
assinada.
Assim, com a
grana curta, crédito caro, inflação elevada e emprego baixo, é necessário que
as famílias controlem os seus gastos, pois a prestação já não cabe mais no
bolso, o que torna mais factível adiar as compras, deixando-as para mais
adiante.
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