A atual situação da siderurgia brasileira é
sistêmica e, conjunturalmente, é preciso entender que o Brasil, já há algum
tempo, deixou de ser um centro de produção de baixo custo e o setor se depara
hoje com custos em elevação e demanda encolhendo.
O nível de utilização da capacidade
instalada brasileira é de 70% com perspectivas de retração e entre os investimentos firmes compilados pelo BNDES, consta apenas gastos
com manutenção do parque industrial existente e com as obras da Companhia
Siderúrgica de Pecém (CSP), no Ceará e com a parceria entre a coreana Posco, a
chinesa Donkuk e a Vale, único projeto novo em curso no país. Não há projetos
novos no Brasil enquanto no mundo apenas existem novos projetos nos Estados
Unidos e na China.
O cenário do aço
tem sido desafiador para o setor siderúrgico global tanto quanto por aqui. O
setor vem com dificuldades e o mercado encontra-se caracterizado por sobre
oferta (excesso de oferta do produto) e forçadamente trabalha com margens
reduzidas.
Por aqui a capacidade
produtiva atual é praticamente o dobro do consumo aparente interno, o que não
estimula novos investimentos para aumento de capacidade produtiva direcionados
para o mercado doméstico.
Outros pontos
importantes guardam relação com a pressão de preços com alta nos custos de
mão de obra, minério de ferro e carvão, acrescidos do aumento da concorrência
externa e dos reflexos da conjuntura internacional desfavorável para o aço, sem
perspectiva de mudança de quadro no curto prazo.
A perda de
competitividade na siderurgia é patente o que se reflete na queda de
participação do aço na indústria brasileira com queda de mais de 20% enquanto
as importações indiretas do aço estrangeiro cresceram mais de 60%.
As perspectivas
de aumento do consumo de aço ficaram nas obras dos estádios para a última Copa
do Mundo e as Olimpíadas de 2016, que não necessariamente, vem acompanhada de
aumento de consumo de aço. Conte-se ainda com a atual e desnecessária crise
brasileira que faz encolher o setor automotivo, consumidor natural do segmento
de aço.
As dificuldades
enfrentadas pela siderurgia brasileira desde a crise de 2008 levaram muitas
companhias a adotar uma estratégia de verticalização e de diversificação de suas
atividades.
Assim, o grupo
com menor exposição aos problemas crônicos do segmento de aço é o grupo Gerdau
por ser o mais internacionalizado deles.
Já a CSN é o
grupo mais verticalizado com forte presença em mineração, com atuação em
logística e cimento; e com auto-suficiência em minério e energia elétrica que trazem
custos mais baixos de produção para a companhia. A CSN tem como principal receita a
venda de aços planos, mas é a segunda maior exportadora em minério de ferro que
tem papel importante na recuperação das margens da empresa.
A Usiminas um dos
maiores players do mercado e a maior produtora de aços planos do Brasil, porém,
vem perdendo relevância. O desempenho das gigantes do aço, Gerdau e CSN vem mostrando
que as estratégias de diversificação, internacionalização e verticalização tem
sido essenciais para aliviar as pressões sobre as margens.
A Usiminas vem apresentando estruturas de
custos de produção muito penalizadas pelo baixo volume de produção atual. E,
por sua vez, ainda não atingiu a auto-suficiência em minérios, um desafio para
a empresa.
A empresa vem tentando escoar a sua
produção no mercado internacional, porém, com preços de comercialização mais
baixos.
Uma vez
equacionado os problemas de pressão de custos na siderurgia brasileira deparamo-nos
com outras fraquezas. Ou seja, aquelas fraquezas que ficam do lado de fora das
fábricas e que precisam ser enfrentadas, como a atual Política Tributária do
país, inibidora de agregação de valor ao setor; os gargalos pontuais na infra-estrutura
e logística; a dependência de importação de tecnologias e de bens de capital e
os projetos de engenharia desenvolvidos no exterior.
Por fim cabe salientar que a produção anual
de aço do Brasil equivale a apenas 15 dias de produção na China.
Nenhum comentário:
Postar um comentário