Como se não bastasse os erros de gerenciamento do Brasil nos últimos 12
anos, agora é o cenário internacional que também preocupa.
A queda abrupta dos preços do petróleo está abalando o mundo. Os
principais países a sofrer as conseqüências imediatas são Rússia e Venezuela,
que estão numa situação extremamente delicada devido à dependência de
comercialização desta commodity (petróleo), o que por aqui, tende a
inviabilizar o pré-sal, desenvolvido a um preço de US$ 90 o barril contra um
preço atual de US$ 46.
Embora as economias emergentes estejam muito diferentes hoje do que estavam
na crise do petróleo de 1998, quando estavam bem mais endividadas, esses países
sofrerão o impacto em suas economias. O Brasil, embora ainda com um nível de
reservas internacionais maiores do que no passado e com nosso câmbio flutuante,
rasteja em cima da má gestão pública do decadente populismo petista. Este é o
grande entrave.
Estamos todos preocupados com o cenário brasileiro para 2015 e 2016:
economistas, empresários, investidores e, como não poderia deixar de ser, o
público em geral, que descobre envergonhado que, em realidade, não se está e
nunca se esteve no país das maravilhas vendido e propalado pelo populismo
barato.
Temos um cenário de tempestade perfeita pela frente. De um lado, uma
economia com crescimento nulo, inflação alta, uma situação fiscal difícil com déficit
estratosférico. Por outro, uma realidade desagradável, gastou-se o que tínhamos
e o que não tínhamos em nome da Copa das Copas e das eleições e de brinde
acrescente-se todo o escândalo de corrupção que afeta as atividades econômicas
e políticas, diminuindo os investimentos no país.
Assim, a queda no preço do petróleo internacional força a Petrobrás a
repensar o seu negócio, com decisões empresariais importantes que exigirá da
empresa uma tomada de decisões estratégicas, difíceis de serem pensadas em
momento de tanta turbulência em meio às denúncias de corrupção. Fica a pergunta: será que a companhia está em
condições, neste momento, de tomar tais decisões? Baseando-se na demonstração
do balanço do terceiro trimestre do ano passado o qual a Petrobrás não incluiu
o rombo de US$ 88 bilhões da corrupção e da desativação de investimentos mal
planejados, verificamos que não!
A empresa parece querer jogar para debaixo do tapete a roubalheira, que
não será engolida por aqui e nem mesmo pelos investidores internacionais que
muito provavelmente jogarão o preço da estatal no chão para adquiri-la em lotes
vultosos de ações, numa privatização às avessas do maior patrimônio do país. De
sobra, teremos que acompanhar o que os Estados Unidos farão com os seus juros
básicos, provavelmente aumentarão em virtude do melhor desempenho da economia
do Tio Sam, o que atrairá para lá investimentos do mundo inteiro secando as
fontes de dólar barato para os emergentes, tornando a captação de recursos ainda
mais cara.
A Petrobrás, por sua vez, enfrenta dois desafios ao mesmo tempo. De um
lado, as denúncias de corrupção e os impactos que elas podem ter, inclusive na
SEC (Securities and Exchange Comission) dos Estados Unidos. Por outro, o preço
do principal produto, o petróleo, caiu pela metade e isso requer decisões
estratégicas na empresa.
Por aqui pode haver uma retração brusca do nível de atividade da
economia o que atingiria a arrecadação pública com impacto crescente nas contas
governamentais já tão combalidas com os episódios sabidos.
Assim, sem crescimento e sem arrecadação fica muito difícil bancar os superávits
desejados. Então, se tivermos uma retração forte do PIB (Produto Interno
Bruto), a situação fiscal deve se contrair e piorar ainda mais a situação que
já não é das melhores.
Por outro lado, o Brasil apresenta um déficit de R$ 1 trilhão no setor
de infra-estrutura, os quais grandes fundos soberanos e de investidores de
longo prazo internacionais indicam interesse em investir. A preocupação dos
investidores internacionais é, em até que ponto um cenário de tempestade
perfeita pode inibir o potencial desse investidor de longo prazo em 2015,
respingando em 2016?
O capital
estrangeiro de curto prazo, arisco ao risco, já bateu azas. Já o capital de
longo prazo tende a esperar os resultados da busca de credibilidade da economia
brasileira combalida na gestão Guido Mantega, o que refletiu nas atividades do
mercado de capitais brasileiro em 2014, que contabilizou o pior ano, desde os
últimos dez anos, superando até os anos da crise de 2008/2009.
Assim uma tempestade perfeita fica por conta
da soma de dificuldades internas - economia estagnada, inflação alta, situação
fiscal difícil e denúncias de corrupção - com incertezas externas vindas da
queda do preço do petróleo e da expectativa de alta dos juros nos Estados
Unidos.
Quem viver, verá!
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