Em viagem via
automóvel no trajeto Ipatinga/São Paulo, nesta última semana, apenas me
certifiquei do que todos já sabemos! O estado das estradas paulistas é excelente,
exemplares, eu diria, enquanto a BR 381, de responsabilidade do Governo
Federal, entre Ipatinga a Belo Horizonte é, simplesmente, uma lástima.
Apesar das
frustrações anteriores, a fantasia da “duplicação da BR-381” na pré-campanha
eleitoral ainda cabalou votos para a reeleição de um governo desastroso.
O estado da
rodovia, se é que podemos chamá-la assim, é tão ruim, tão lastimável que me dei
conta de que, quando funcionário da Usiminas, nos anos setentas, podíamos
viajar nos fins de semana para as nossas cidades de origem pela Rio-Bahia, sem
maiores transtornos. A mencionada rodovia, construída por Juscelino Kubstchek
de Oliveira nos anos cinquentas, já abrigava um fluxo intenso de caminhões pesados
e que transportavam a produção brasileira proveniente do Sul e, Sudeste para o
Norte do país.
A dificuldade da
época era o trecho de Ipatinga até a rodovia no município e Caratinga, que há
muito merece também uma duplicação, dada a importância de nossa região. No
entanto, estranhamente, ninguém comenta sobre isto, principalmente os “dispensáveis”
políticos de plantão que, infelizmente, apenas enxergam o próprio umbigo.
Já a “Rio-Bahia” com
mais de 25 anos de uso à época, era super conservada com toda a sinalização
pertinente a uma estrada que poderíamos chamar de decente.
Mas, o que é
sinalização pertinente perguntaria o usuário da BR-381?
Simples, basta
reler os manuais de sinalização rodoviária, aqueles que a gente estudou para
tirar a Carteira de Habilitação, e para os mais jovens, o “google” tem todas as
informações. Ou seja, uma estrada com sinalização pertinente é aquela que
contém todas as faixas no centro da estrada, onde se vê aquelas faixas picotadas
onde se permite ultrapassagens. As faixas duplas, onde se deve estar atento e
não fazer ultrapassagens perigosas como se faz hoje os “espertinhos do volante”
para não dizer outra coisa. As faixas brancas nas laterais da pista são o direcionador
do limite de trafego para o motorista. E ainda existiam os chamados “olhos de
gato e os percevejos” que sinalizam para um trafego noturno seguro e facilitavam
o tráfico nos dias chuvosos. Deparávamos ainda, nos pontos chaves da rodovia,
com os guardas rodoviários monitorando a rodovia. E posso lhes dizer com
tranqüilidade, numa extensão de quase 500 quilômetros, raramente se via
acidentes envolvendo transeuntes.
É bem verdade que
na “Rio-Bahia” não existia acostamento o que para hoje é inaceitável, porém
pouco a pouco, isto foi sendo equacionado, não com muita demora como nos dias
de hoje. Daí se poderia trafegar na rodovia a qualquer horário do dia ou da
noite, com chuva ou sem chuva, bastava o piloto programar a sua viagem e seguir
a diante.
A qualidade da “Rio-Bahia” acontecia em
toda a sua extensão de, aproximadamente, 4.380 quilômetros,
contra um trecho traiçoeiro de apenas 220 quilômetros entre Ipatinga a Belo
Horizonte. Como diria um apresentador chato da “Rede Globo” aos domingos, “é
brincadeira”, não?
Já na BR-381, o
motorista precisa descobrir onde está a pista o tempo todo, pois, simplesmente,
não existem faixas adequadas de orientação de tráfego. Quando chove, a pista,
inesperadamente, desaparece de seu foco de visão pela falta de sinalização pertinente.
Saliências e
asfalto danificado encontram-se em abundancia. Curvas aos montes. Quando acaba
uma começa a próxima. Os acostamentos! ah! os acostamentos! Esses, o motorista não
os pode utilizar, principalmente, no trafego noturno, pois não se sabe, com
segurança, onde eles começam e onde eles terminam produzindo uma tremenda insegurança
tanto para os caminhoneiros quanto para os motoristas de veículos particulares
que desejam trafegar mais moderadamente ou com mais segurança de uso da estrada.
O acostamento, que tem por finalidade principal a parada emergencial, é também
utilizado, com reservas para facilitar as ultrapassagens de trafego dos “espertinhos
do volante” que não respeitam as limitações e a precariedade da estrada,
principalmente, no trafico noturno e no tráfego noturno em dias chuvosos.
Passei por essa
triste experiência na última semana e ao chegar num local decente para uma
parada completa, aquela que atende plenamente aos anseios de higiene para ambos
os sexos, senti a indignação de quem se depara com os altos preços praticados
pelas casas de atendimento.
Como ficamos mais
de cinco horas na pista, pessoas com destino de viagem mais longas estavam
perdidas e assustadas com os gastos elevados com os combustíveis que cresceram
assustadoramente e ainda como iriam passar a noite, já que não estava previsto
todo esse tempo de viagem, muitos com cães e gatos de estimação à procura de um
abrigo que pudesse acolher, razoavelmente, humanos e felinos sem estourar o
cartão de crédito. Incrível não?
Interessante é
que, ao retornar a Ipatinga percebi o mesmo desleixo com o asfalto, em boa
parte pelo “inovador” piso colocado pelo Dnit no lugar do antigo que estava em
boas condições na BR 458, mas foi trocado em ano eleitoral por razões bastante
conhecidas... Assim, não é de estranhar que o Vale do Aço está ficando ilhado e
muitas pessoas estão evitando vir por aqui, pois os riscos e as dificuldades
não compensam!
Escoar a produção
da região é outro “calo” preocupante, com custos elevados e todas as
dificuldades de tráfego.
No entanto, o
mais incrível, é identificar como muitos brasileiros estão erroneamente se
acostumando com todo esse estado de penúria produzido pelo desgoverno central
do país. Apesar da insatisfação pela obrigatoriedade de trabalhar para pagar os
impostos ao seu sócio majoritário, chamado “governo central” assiste
passivamente a vaca indo para o brejo.
Exatamente isso que você disse, as pessoas se acostumam com esse estado lastimável das estradas, com o pouco caso que os responsáveis tem com os projetos prometidos. Infelizmente, temos que acreditar que um dia (sabe-se lá que dia é esse) essa duplicação será realizada.
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