Imaginem a possibilidade de entender um pouco mais sobre economia através da magia da lâmpada de Aladim. Ficaria um entendimento às avessas, porém, bastante interessante.
Essa hipótese tem fundamento nos ensinamentos do economista Albert L. Meyers, que recorre a interessante hipótese, radicalmente oposta à lei de escassez, para evidenciar a diferença entre a magia de transformar todos os bens econômicos em bem livres e a realidade de buscar a satisfação das necessidades e aspirações sociais pelo emprego oneroso de recursos limitados.
A hipótese mágica consistiria em dotar cada agente econômico de um Lâmpada de Aladim. Bastaria fricciona-la, para que aspirações e necessidades fossem satisfeitas. A limitação dos recursos estaria superada.
A Lâmpada Mágica proveria todos os agentes econômicos de produtos, em diversidade e em quantidade suficientes para saciar plenamente necessidades e aspirações. Todos teriam o que desejassem. O processo produtivo, tal como o conhecemos hoje, complexo e oneroso, não seria mais necessário: o poder mágico de um único instrumento, um “bem de produção por excelência”, supriria cada qual de todas as suas requisições. Divisão do trabalho, especialização, trocas, moeda – tudo isso perderia sentido. Também não fariam mais qualquer sentido as lutas de classe, os conflitos entre agentes econômicos e grupos sociais, a concorrência, a busca por capacitações competitivas e os esforços do empreendedor inovativo. Ciência e tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, materiais, processos e produtos inovadores – tudo isto estaria disponível no interior da Lâmpada Mágica. Bastaria despertar o mago.
Mas a realidade é bem outra. O poder mágico da Lâmpada de Aladim contrasta com a condenação do Velho Testamento – “comerás o pão com o suor de teu rosto”. Ao sonho da magia das mil e uma noites intermináveis, contrapõe-se a realidade bíblica dos seis dias de trabalho e um de descanso. Descanso para recuperação de forças, para mais trabalho e mais suor, se a aspiração for por padrões crescentes de bem-estar material. A condenação bíblica é a que acompanha o homem – desde as primeiras manifestações de vida em sociedade. Nenhum sistema econômico, nenhuma forma mágica de organizar a vida econômica foi capaz de satisfazer plenamente a todas as aspirações individuais e sociais.
Mesmo os grandes impérios que um dia chegaram perto da opulência ruíram antes que conseguissem estendê-la a todos em seus domínios. E talvez mesmo nas sociedades do futuro as questões básicas da economia continuarão de alguma forma, a existir.
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