Estamos entrando
em uma nova década, certamente, de aceleradas mudanças tecnológicas, as quais
nos levarão a um quadrante desafiador, não somente individualmente para cada um
de nós, como também para os países em geral, principalmente, para os emergentes,
o que se refletirá, intensamente, no mundo dos negócios.
Podemos dizer que,
realizadas as reformas necessárias a que o país necessita, isso nos levará,
certamente, a uma nação diferente em vários aspectos. Porém, a nossa invariável
instabilidade como nação, nos acompanhará por algum tempo mais, até atingirmos
a idade adulta, ou seja, a maioridade.
Somos ainda um
país muito desigual, por vezes ainda infantilizado em nossas decisões, onde o
descompasso com a realidade se torna, às vezes, gritante.
Nesse
sentido, será um período de maturação dos grandes fenômenos incipientes, assim
como há dez anos dada a popularização da internet já se imaginava como ela
mudaria o mundo. Da mesma forma, fenômenos detectáveis no mundo de hoje terão
seus efeitos mais fortes a partir desse ano, o qual iniciamos.
No Brasil, dado
as melhorias no emprego e na renda (ainda que muito lentas), com taxas de juros
menores, após a Reforma da Previdência Social, que afastou o risco de calote da dívida pública a curto e médio prazo, contribuirá
para a melhora das expectativas dos empresários e do meio econômico em geral, o
que é fundamental para a retomada dos investimentos em ativos reais.
Assim, com a
queda estrutural da taxa de juros no Brasil, ocasionada pelo controle da
inflação e da diminuição do risco da dívida pública, com a introdução da PEC dos gastos e da reformada da
Previdência, aliado à estabilização dos preços, os investidores topam agora emprestar
dinheiro para o governo a uma taxa de juros menor.
Atualmente, o custo de financiamento do setor governo via Taxa Selic é
de 4,25% ao ano, e com a Selic no patamar mais baixo da sua história, o crédito
para pessoa física e pessoa jurídica, pouco a pouco, tenderá a ficar mais barato.
Como sabemos, a redução do custo do crédito no varejo e no atacado não
ocorre na mesma proporção da queda da taxa Selic, dado que as taxas de
financiamento PF e PJ sofrem influência de outras variáveis, como
inadimplência, custos operacionais, tributação e concentração bancária.
A diminuição da taxa de juros tem dois efeitos. O primeiro é sobre o
consumo. As pessoas ficam mais propensas a consumir no presente, sem a
necessidade de poupar para consumir no futuro. Com o aquecimento do consumo, as
empresas produzirão mais, trazendo crescimento econômico.
O outro efeito acontece nos investimentos das empresas. Com a queda de
juros, o custo de capital das empresas diminui, o que estimula o aumento do
investimento (aquisição de máquinas e equipamentos), que também tem impactos
positivos sobre o PIB, embora as empresas ainda estejam com elevada capacidade
ociosa.
Além disso, como os prêmios no mercado de juros (renda fixa) estão
menores (juro real negativo para um ano), os investidores tendem a procurar
opções de maior rentabilidade, como investimentos em ações, por exemplo, onde
se observa um crescimento do mercado de capitais para os próximos anos.
Tanto o aumento do consumo, como do investimento por parte das empresas,
significa aquecimento de demanda a curto prazo. Como o país está com capacidade
ociosa (máquinas e mão de obra parada), as empresas produzirão mais sem gerar
pressões inflacionárias.
Com a realização das privatizações necessárias
para reabastecer os cofres públicos e suspender a sangria de dinheiro que
sustenta estatais mal geridas; com a realização de uma reforma administrativa
que efetivamente reduza o tamanho do Estado, tornando-o mais eficiente; e com
retomada da pauta da desburocratização, tudo isso fará, certamente, um país
melhor.
Assim, com a
reforma previdenciária concretizada e com o desempenho da equipe econômica de
orientação nitidamente liberal, fatores externos, como a guerra comercial entre
China e Estados Unidos, e agora as triscas entre EUA e Iran, e uma série de
circunstâncias internas, majoritariamente de natureza política, assim como as
dificuldades com o coronavírus na China, podem dificultar a retomada
brasileira.
Atualmente, o
governo não tem capacidade de investimento e, ao mesmo tempo, o país tem
déficit de infraestrutura e demanda reprimida. Se as medidas saneadoras forem
bem implementadas, poderão assegurar pelo menos uma parte das condições
necessárias para a retomada do crescimento.
É fundamental que
o Brasil se torne novamente atrativo para os investidores internacionais,
mostrando solidez institucional, seriedade na condução da macroeconomia e
empenho na adoção de boas práticas no aspecto socioambiental.
Devemos ponderar
que, infelizmente, a recuperação da economia não ocorrerá de modo uniforme em
todos os segmentos negociais. O agronegócio e a construção civil, por exemplo,
têm um dinamismo próprio que favorece sua rápida ascensão, enquanto outros
segmentos tendem a demorar um pouco mais. De qualquer forma, o aquecimento da
economia e a volta do emprego favoreceriam o país como um todo.
Paralelamente, o
Brasil precisa voltar a investir em educação e na formação profissional de seus
cidadãos. Somos pouco competitivos e, rankings globais demonstram que estamos
menos produtivos do que a média dos trabalhadores de outros países, portanto, já
passamos da hora de corrigir essas distorções e de aprimorar o nosso capital
humano!
Os principais
parceiros do Brasil estão crescendo menos, e essa desaceleração deverá se
aprofundar para os anos seguintes, segundo projeções mais recentes
No campo, vivemos uma janela de oportunidades. Hoje, o Brasil é uma
potência do agronegócio e das commodities, graças aos recursos naturais e à mão
de obra relativamente barata.
A partir de 2020, é possível que a África reúna também essas condições.
Precisamos estar mais bem preparados para competir em outro nível, ou seja, no
nível da produção de conhecimento. Precisamos buscar um novo patamar de geração
de riqueza através da inovação tecnológica. Esse é o caminho.
Voltando para a
realidade de curto prazo, podemos dizer que as consequências econômicas do
coronavirus ainda são incertas. Porém, já se apresenta um aumento de aversão ao
risco e uma certa depreciação do mercado global, o que contribui para um
cenário transitório mais incerto.
Por outro lado
EUA e China assinaram a primeira fase do acordo comercial.
Por aqui a
atividade econômica segue em recuperação gradual. As previsões do PIB se mantem
em 1,2% para 2019 e de 2,2% para 2020.
Segue a criação da
comissão mista no Congresso para discutir a reforma tributária e a possibilidade
de encaminhamento da reforma administrativa, o que é um alento.
No contexto
mundial, analistas vêm um aumento de aversão ao risco e a depreciação de ativos
das economias emergentes, porém podem ser passageiros. E no médio prazo
espera-se uma pressão negativa na atividade econômica global.
À parte a todas
essas circunstâncias, seguem as expectativas de 132.000 pontos para o IBOVESPA até
o final deste ano.
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