A abundância de minérios na região é incontestável. Se explorados
racionalmente, esses produtos podem trazer grande riqueza ao país. Os mais
importantes são: o ferro (18 bilhões de toneladas, em Carajás); o alumínio (4
bilhões de toneladas, em Trombetas, Paragominas e Almeirim); o manganês (80
bilhões de toneladas em Carajás e Serra do Navio); o cobre (10 milhões de
toneladas, em Carajás); o ouro (250 toneladas, em Tapajós); além do estanho,
com 400 mil toneladas e o níquel com 90 mil toneladas. Em menores quantidades,
encontra-se também na Amazônia diamantes em Roraima; o petróleo na plataforma
oceânica; e o urânio e o sal gema em Roraima.
Por outro lado, os recursos naturais da Amazônia vêm sendo explorados,
inadequadamente, desde a chegada dos primeiros colonizadores.
Com a descoberta
das riquezas minerais, iniciou-se na Amazônia mais um tipo de exploração que
agride violentamente o ecossistema local: a mineração.
A mineração é
feita a céu aberto, removendo–se grandes áreas florestais. Porém, os danos
maiores são causados pelos garimpos de ouro, como o do rio Madeira, que poluem
as águas com o mercúrio usado para precipitar as minúsculas pepitas dispersas
na água.
Outra dificuldade
são os conflitos entre colonos e indígenas que acabam por ser uma constante na
região.
As ilegalidades
são outro problema. Imagens mostram o a avanço do garimpo ilegal e grileiros
costumam usar queimadas para ocupar partes da floresta e depois tentar vende-las,
embora o Inpe e o Ibama sejam os responsáveis por fiscalizar o desmatamento.
O aumento da
pressão por atividades ilegais sobre a Amazônia é muito grande, e esse aumento,
por sua vez, decorre de uma política que não soube dar alternativa econômica
para uma região a qual vivem mais de 20 milhões de pessoas.
Na realidade todas as ações econômicas podem ser realizadas com cuidados
ambientais, inclusive, com licenciamento. Vários países utilizam-se de atividades
potencialmente poluidoras, e o fazem de maneira adequada.
Embora se propale o contrário, o Brasil cumpre bem suas
responsabilidades ambientais. Um país que tem 66% de sua vegetação nativa
mantida e, que, portanto, possui um Código Florestal desenvolvido e apropriado,
o qual nenhum outro país possui, não pode ser desprezado internamente, nem
mesmo internacionalmente.
Nossa matriz energética é 80% limpa, enquanto países europeus têm matrizes
consideradas sujas, dado a utilização excessiva de termelétricas.
Isso não invalida que correções precisam ser desenvolvidas na Amazônia,
principalmente, no cumprimento ao Código Florestal brasileiro.
Diante de tantas
polêmicas, principalmente, pela mídia, torna-se necessário conhecermos alguns
números da nossa Amazônia. Atualmente, o volume de terras atribuídas
(destinadas à reforma agrária) correspondem a 88,5 milhões de hectares, uma vez
e meia a área de produção de grãos brasileira, que é de 240 milhões de
toneladas.
Somente o INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), possui mais de 20% das
terras do Brasil; e 37% do país está legalmente atribuído.
Comparativamente
a outros países podemos dizer que o Brasil possui 30,2% de áreas preservadas e
destinadas aos indígenas; a Austrália possui 19,2%, a China possui 17,0%, os
EUA: 13%, e a Rússia possui 9,2%.
Assim, a área
protegida pelo Brasil equivale a 15 países da União Europeia.
Juntando toda a
área protegida com a área preservada, chegamos a 49,8% das terras brasileiras,
ou seja, 28 países da Europa. Preservamos e protegemos uma área igual a União
Europeia, e mais três vezes a Noruega.
O Imobilizado do
agricultor brasileiro paralisado em reservas florestais, equivale a R$ 3,1
trilhões, com um custo de manutenção das áreas preservadas de R$ 20 bilhões
anuais.
Juntando tudo
isso, temos 66,3% de preservação da vegetação nativa e da biodiversidade
amazônica, correspondente a 48 países e territórios da Europa.
Estudos
internacionais mostram que nos próximos 20 a 30 anos vai existir um mercado
adicional de alimentos de US$ 40 bilhões em alimentos. O único país que pode
atender esse mercado, ou parte dele, é o Brasil. Porém, os EUA querem ficar com
esse mercado. Existe, até um slogan bastante característico desse movimento que
dá título ao livro “Farms here, forests there” (fazendas aqui e florestas lá).
É preciso
compreender ainda, que muitas ONGS que estão na Amazônia são, inteiramente,
financiadas pelos produtores de milho dos EUA, e que existe uma forte campanha
contra o agro negócio brasileiro no exterior, que se acentuou depois da
assinatura do acordo União Europeia-Mercosul.
Considerando
a extensão de 5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal, podemos
dizer que para haver uma política pública que contribua efetivamente com a
Amazônia, os recursos devam ser proporcionais ao seu gigantismo. Assim, se cada
hectare da Amazônia recebesse, por ano, US$ 100, estaríamos falando de um
volume de recursos equivalente a US$ 50 bilhões anuais. Esse é o volume de
recurso necessário para termos condição de dizer que a Amazônia está sendo,
realmente, ajudada pela comunidade internacional.
Interessante
saber que os recursos recebidos de fora estão muito aquém do que a Amazônia necessita.
Vejam que no final de 2018, o Fundo Amazônia desembolsou R$ 1,9 bilhão, dos R$
3,4 bilhões que arrecadou em doações.
Já a demarcação
de terras aos índios brasileiros atingem 13% do território
nacional para atender apenas 1% da população brasileira, em uma região
correspondente a concentração das maiores riquezas minerais do país.
Desse modo, não
parece uma escolha pública adequada aumentar as demarcações onde existem
reservas minerais e colocar um território tão vasto para uma população tão
pequena de indígenas.