Ainda ecoa nas
mídias brasileiras as delações do grupo Odebrecht em relação ao meio político.
Não é para menos!
Todo o país ficou
estarrecido ao conhecer o grau de envolvimento, nada republicano, da Odebrecht
com os principais políticos e partidos de representação política do país.
Descobriu-se das
delações apresentadas, um cartel formado pelas maiores
empreiteiras do país, entre elas a Odebrecht, que teria desviado em conluio com
políticos da base dos governos Lula e Dilma mais de R$ 40 bilhões da Petrobrás,
em dez anos. E nos depoimentos tornados públicos na última semana, apenas a
Odebrecht, confessou pagar US$ 3,3 bilhões, equivalentes a R$ 10,6 bilhões em
propinas através do Setor de Operações Estruturadas da empresa; um departamento
de nome bonito que correspondia ao “propinoduto empresarial”, montado na
estrutura oficial da empresa, o qual ocorria de forma paralela às operações da
empresa; fazendo pagamentos em dinheiro vivo para políticos do PT, PMDB, PSDB e
praticamente a todas as legendas brasileiras, em troca de favores no Congresso
Nacional e na União.
Na realidade,
ocorreu à apropriação do setor público pela Odebrecht que se estruturou para ter o estado brasileiro
na mão para usufruir, financeiramente, de todas as suas
esferas.
Para que tenhamos uma ideia do valor pago pelo setor de propinas da
Odebrecht, entre 2006 e 2014, à classe política, basta ver dados do FMI (Fundo
Monetário Internacional) onde o volume de recursos transviados superou o PIB
(Produto Interno Bruto) de 33 dos 217 países listados do ranking do Banco
Mundial, no mesmo período.
A coisa não para por aí. Ainda teremos as delações das empreiteiras:
Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Correia e Queiroz Galvão, para citar as mais
conhecidas.
Será conhecida ainda a participação em níveis estaduais de governadores
e suas câmaras legislativas, de prefeitos e suas câmaras de vereadores, do
judiciário, do setor automobilístico, do setor bancário e vai por aí afora.
Pior é perceber
que tudo isso se tornou demasiado caro ao país, o que se revela no elevado
índice de desemprego; no descaso com a saúde; com a segurança pública; com a
educação; com o transporte público; com a infraestrutura do país e com o futuro
dos jovens e, sobretudo dos mais pobres, jovens ou não.
Como resolver?
Eis a questão? Certamente através das reformas. De todas elas em discussão,
pois, o nosso atraso enquanto nação é gigantesco em relação às nações mais
desenvolvidas. E a reforma política é uma delas, o que não exclui o olho
clínico do eleitor para escolher melhor seus representantes na ocasião das
eleições, na hora do voto.
Para tanto, é
preciso entender o momento ao qual estamos vivenciando. Fala-se em lista
fechada. E no atual contexto a lista acaba por ser uma realidade, pois, temos
somente duas maneiras de financiarmos as campanhas eleitorais ou com dinheiro
público, através de lista, ou com dinheiro privado através das empresas, o que
foi vetado pelo STF, recentemente.
Assim, resta-nos
a lista fechada como financiamento público das campanhas. Como o dinheiro
público não pode ser distribuído individualmente aos candidatos, senão o
candidato pega o dinheiro e some da eleição, o partido é quem recebe o dinheiro
e o distribui a seus candidatos em forma de lista. O dinheiro dado aos partidos
é recebido de maneira proporcional aos participantes do pleito.
Outra questão é entender que não podemos ficar sem os partidos políticos
e sem os políticos, senão caímos no autoritarismo que não queremos. Cabe então
depurarmos todo esse processo de crise moral a qual nos encontramos,
verticalmente, de cima abaixo; e lembrar que a moral é algo que vem de dentro
de cada um de nós e que nos compete melhorar a cada dia, em todos os sentidos,
começando pelas pequenas iniquidades do cotidiano a nossa volta.
A questão é
seríssima! Indignados e envergonhados estamos todos,
com tudo isso que está acontecendo no país e no ceio da política brasileira. E
não poderia ser diferente!
A realidade mesmo
é que o povo não aguenta mais! O país não suporta mais tanta corrupção!