Para os mais
céticos quanto ao Impeachment da Presidente Dilma Rousseff vai aqui um pouco do
relatório do Tesouro Nacional à presidente da República obtido pelo jornal
Valor Econômico e divulgado recentemente.
Há dois anos e meio antes de as chamadas “pedaladas fiscais”
justificarem a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
e pelo menos um ano antes do início da campanha pela reeleição da presidente,
técnicos do Tesouro Nacional elaboraram, em julho de 2013, um diagnóstico de 97
páginas sobre a situação fiscal e econômica do país.
Mantido em sigilo, até agora pelo governo federal, o relatório, ao qual
o jornal Valor Econômico teve
acesso, continha um claro alerta à cúpula do governo como, por exemplo, o prazo
para um possível “dowgrade” (rebaixamento da nota do Brasil pelas agencias
reguladoras) seria de até dois anos da data do relatório no ano de 2013.
E o relatório descreve mais. Descreve que ao final de 2015 o Tesouro
Nacional estaria com um passivo ou déficit orçamentário de R$ 41 bilhões e
curiosamente estamos com um passivo de R$ 120 bilhões na conta dos subsídios em
atraso.
Pois é, contabilidade criativa (manipulação contábil) dá nisso,
afeta a credibilidade da política fiscal (gastos de acordo com a arrecadação em
impostos), do país.
Infelizmente o documento foi tratado pela cúpula do Ministério da
Fazenda como um ato de rebelião dos escalões inferiores do ministério.
Assim, há pouco mais de dois anos, em setembro de 2015, o rebaixamento
da nota do Brasil ao grau especulativo foi anunciado pela “Standard&Poor’s”,
principal agência de avaliação de risco soberano dos países, fazendo com que o
descrédito da política fiscal passasse a ser considerado um dos principais
fatores responsáveis pela recessão de mais de 3% projetada para este ano. E,
logo adiante, as pedaladas fiscais foram reprovadas pelo Tribunal de Contas da
União (TCU), o que não podia ser diferente, o que de forma prevista vem alimentando
a crise política enfrentada pela presidente da República.
Nos últimos três meses o jornal Valor Econômico conversou com mais
de 20 autoridades que ocuparam ou ainda ocupam cargos no governo e teve acesso
exclusivo a documentos inéditos que permitem recontar a história fiscal do
primeiro mandato da presidente Dilma.
O que é possível mostrar agora é que em momentos-chave como o da adoção
da contabilidade criativa (manipulação contábil) de 2012 e o esforço da área
técnica do Tesouro para barrar novas operações em 2013 e impedir a construção
da fábrica de pedaladas de 2014. O que não foi possível.
Daí mais uma confirmação prévia dos acontecimentos. Portanto, não
faltaram avisos sobre os riscos que o país corria e ainda corre atualmente.
Duro não?