Existem muitas críticas
às redes sociais, sobretudo de como elas ocupam o tempo útil das pessoas, porém,
o fato é que, tanto no Brasil quanto no mundo, os jovens têm dedicado sua
atenção e seu entusiasmo para interagir com outras pessoas no âmbito das redes
e isso abre possibilidades educacionais importantes, especialmente porque
atenção e entusiasmo são elementos que andam faltando nas salas de aula.
Por outro lado, o
professor e um planejamento pedagógico inteligente não podem ser desprezados, o
que nem sempre acontece.
É preciso lembrar
que o conhecimento hoje não circula apenas do professor para o aluno, mas
acontece também de aluno para aluno e até de aluno para o professor. É preciso
reconhecer isso e estimular os alunos, de forma inteligente, a serem também
produtores de conhecimento.
O maior desafio
da educação é justamente este: fazer com que a responsabilidade do ensino e do
aprendizado possa ser compartilhado entre alunos, professores e outros atores
sociais não envolvidos originalmente no processo educacional.
É fato também que
nem todos os docentes vêm com bons olhos o uso da tecnologia das redes sociais,
como ferramenta educacional. Esse é outro desafio. Hoje o uso da tecnologia é
visto como concorrente da escola. O tempo da escola é lento, o da tecnologia é
rápido. A velocidade da tecnologia é imediata, da escola é mediata. Assim, isso,
e outros fatores geram tensões entre professores, alunos e instituições. Porém,
este conflito traz uma boa oportunidade para reflexões interessantes. O que
pode ser considerado um bom momento para repensar a educação a partir das
mudanças de mídia que estão disponíveis e na qual o mundo todo vem repensando.
Especialistas
comentam que a escola ainda é excessivamente organizada em torno do “texto”, o
que está correto. No entanto, nossa vida é cada vez mais “multmídia”. Assim, a escola
precisa se tornar um local que tenha a “multimídia” como foco, ensinando
habilidades que devam ir muito além do “texto”.
Na realidade o
professor precisa vivenciar o universo tecnológico em que os alunos estão
inseridos. Esse é um problema de hoje o qual possui um componente geracional,
pois, as próximas gerações de professores já irão naturalmente assimilar os
usos da tecnologia, mesmo que haja uma demora para a existência de um
planejamento específico para isso.
As entidades
escolares não devem subestimar a capacidade dos alunos de lidar com a
tecnologia. Vejam, até bem pouco tempo era comum laboratórios de informática ficar
trancados, porque os equipamentos eram caros e os alunos não deveriam
utilizá-los sem supervisão.
Daí, expor os
alunos à tecnologia seja aos celulares, computadores e tablets, dentre outras, é
um passo importante, assim como a assimilação das novas mídias sociais para a educação,
bem como ensinar aos alunos a não tomarem a tecnologia como “dado”, isto é,
saber que a própria tecnologia pode ser modificada e re-apropriada para outros
propósitos que vão além do que é esperado dela.
Vivemos em um
mundo onde temos informação demais. Desta forma, o professor e as instituições
de ensino precisam atuar como “curadores/tutores” desses novos conhecimentos e
dessas novas formas de aprendizado. É preciso assimilar as novas tecnologias,
aprendendo seu potencial e experimentar os seus limites, na busca da
aprendizagem que é o elemento essencial.
Por outro lado, é
preciso ter uma gestão eficiente para o uso pedagógico das redes sociais no
sentido de preservar a ética e os valores das instituições de ensino o que
começa com a garantia de acesso total e ilimitado às redes. Assim, políticas
educacionais que restringem os usos das redes sociais já saem perdendo e é um
fator adicional de desestímulo com relação à educação.
A questão da
ética é um excelente exemplo, ou seja, não se vê forma mais interessante de
desenvolver um aprendizado sobre ética do que discutindo temas presentes no dia
a dia das mídias sociais. É um aprendizado que se desloca da teoria, do plano
dos livros, para uma vivência prática.
A escola tem
muito a aprender com a forma de como a comunicação acontece nas mídias sociais.
O desafio é trazer a vivência expandida que a exposição às redes sociais traz
para o contexto educacional, ampliando os horizontes da educação.
Assim como o
artista tem que ir aonde o povo está, o ensino precisa ir aonde as pessoas
estão.
Fonte: Prof.
Ronaldo Lemos.