domingo, 16 de outubro de 2011

Precariedade Brasileira – Intriga ou Realidade?

Que o Brasil já se distanciou de cinqüenta anos atrás onde se apresentava como um tremendo fazendão ninguém em sã consciência duvida, porém é necessário comentar o sentimento cotidiano de um povo que trabalha, recolhe o pesado fardo dos impostos e não vê em resposta a esse sacrifício, um mínimo de organização social, política e administrativa em harmonia e que seja capaz de recolocar em rumos certos a precariedade e o atraso que ainda permeia a vida do país, e por conseqüência, dos brasileiros.
A precariedade brasileira perpassa pelas más condições da educação e do ensino público e privado, que muito longe de uma qualidade desejada, formam alunos que não sabem ler nem escrever, que trabalha com um professorado mal remunerado, mal formado, com estruturas e instalações deficientes que destitui professores de instrumentos mínimos necessários aos procedimentos professorais em sala de aula para exercer uma aula decente.
A saúde e seus serviços não ficam por menos. Saneamento básico inexistente na quase totalidade das cidades, hospitais à beira da falência exibindo cotidianamente filas imensas, traduzindo o descaso com o cidadão e exibindo assim atendimento ruim, com médicos e enfermeiros com formação duvidosa, com estruturas inadequadas dos locais de atendimento e um constante mau gerenciamento, que avança no descaso da falta de fiscalização de órgãos competentes e das “agências regulatórias” que se deixam levar pela conivência com os serviços públicos e privados de baixa qualidade jogando um jogo contra o povo, que neste fogo cruzado, tenta se socorrer nos planos de saúde privados e por isso se atola em caros planos privados de saúde na esperança de substituírem uma saúde pública deficiente, e paradoxalmente, se depara com a precariedade dos serviços e da administração desses planos que desprezam os pacientes, remuneram mal os agentes de saúde e ficam com os excessivos lucros.
Os serviços públicos de um modo geral, a organização pública, a segurança pública e o judiciário brasileiro, deixam a desejar. Os organismos públicos e os seus serviços prezam por não reconhecer no povo brasileiro - seu patrão direto - aquele que banca o funcionalismo (em todas as esferas de governo) e fica com o resultado de tantos desmandos e que, infortunadamente, recebe em troca um péssimo serviço que desonra qualquer cidadão.
As condições de trabalho nas empresas também deixam a desejar. A precariedade das leis (ainda dos anos 40), a precariedade da segurança, a precariedade dos salários que não garantem uma subsistência mínima que compartilhe a vida moderna, consolidando gastos alimentares, escolares, saúde, seguros de vida e de seus bens materiais, gastos com lazer, computadores, telefonia de um modo geral, assinaturas de TV’s, revistas, livros escolares, etc.
A precariedade se estende a infra-estrutura de portos, estradas de rodagem, aeroportos, sistema habitacional, sistema prisional deprimente e com super lotação, dentre outros.
A precariedade das cidades, da política e dos políticos com uma corrupção deslavada que permeia um desvio de recursos da ordem de R$ 70 bilhões anuais; a precariedade da logística brasileira incapaz de tornar o país e o agronegócio brasileiro mais competitivo.
O descrédito dos serviços de turismo interno, dos parques de diversões e do transporte público faz parte desse mesmo contexto.
A ameaça à liberdade de expressão do povo e dos meios de comunicação é perene, isso nos remete a precariedade da transparência necessária em todos os escalões e níveis governamentais, além da precariedade do processo de planejamento da administração pública do país.
A precariedade das creches, o elevado número de pessoas nas ruas, revelado na última pesquisa um número de 1,8 milhão de pessoas, de ambos os sexos, o que se pode classificar como assustador; o fantasma das drogas e da falta de fiscalização de nossas fronteiras, a dificuldade dos pescadores ainda hoje atuando com um sistema artesanal de pesca.
A precariedade de acesso a informações públicas em órgãos governamentais, o abandono ao idoso, a precariedade dos conselhos tutelares e dos aposentados do país.
Ressalte-se ainda o elevado número de ministérios, 38 que quase se assemelha ao número de 50 ministérios dos áureos tempos do Socialismo Russo, chamado de Comando Central Russo, lembrando que a maior nação do mundo, a norte-americana, se satisfaz com 15 ministérios.
Acrescente-se a tudo isso, a institucionalização da precariedade brasileira levada por muitos, como coisa normal, pois precariedade em bom português significa: caráter de precário, fraco, incerto ou deficiente; que ganha pouco ou vive em extrema precariedade.

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