O país tem sido
atualmente, refém da mentira e da dissimulação política. Sem qualquer
escrúpulo, os cidadãos são abertamente ludibriados, fazendo da nossa frágil
democracia uma luta rasteira em favor de um projeto hegemônico de poder. Não se
respeita a ética; não há moral; não há lei. Nesse ambiente vergonhoso o crime
passa a ser politicamente aceitável, o que transforma larápios em heróis de uma
causa corrupta.
Assim, procurando uma
espécie de absolvição, setores da sociedade gostam de dizer, com ares de
superioridade, que os políticos não os representam, como se o Brasil não fosse
uno e indivisível.
É preciso abandonar o
comodismo inerte e a indiferença estanque e verificar que é preciso participar
do que ocorre no país, começando pela sua cidade, pelo seu condomínio, pois, enquanto
perdurar a inação dos bons, o governo dos maus será uma continuidade
permanente.
Objetivamente, estamos
vivendo uma espécie de “totalitarismo eleitoral”: um sistema de usurpação da
soberania popular, de comercialização dos partidos políticos, de financiamento
criminoso de campanhas políticas com ostensiva oficialização da mentira, onde o
voto é transformado em instrumento de consagração de corruptos, corruptores e
estadistas de bordel.
Temos um mecanismo de
falseamento doloso da democracia, de aberta “deslegitimação” das urnas e
flagrante manipulação da vontade eleitoral.
Os partidos políticos se
transformaram em fúteis empresas eleitorais, e ao invés de políticos, passaram
a produzir apenas rasos mercadores do poder.
O Brasil está à venda;
basta conhecer as pessoas certas e pagar a comissão de intermediação. Os
outrora ferozes críticos da privatização aceitam hoje qualquer negócio e nos
contratos bilionários, é só cobrar por dentro e receber por fora.
A mídia, frequentemente
chamada de golpista tentará estragar a festa. Porém muitas delas são
dependentes dos contratos de publicidade de empresas estatais, convertendo-se
em auxiliares midiáticos dos partidos sem caráter.
O burocratismo,
como modelo de administração marcado por excessiva burocracia, como se viu na
antiga União Soviética, tornou-se por aqui, instituição permanente.
Desta
forma, o Brasil ostenta a pouco lisonjeira condição de ser o único país em que
cada ente federativo tem cadastro fiscal próprio. Assim, o contribuinte se
obriga à inscrição nos cadastros da União, dos Estados e dos municípios,
reproduzindo basicamente as mesmas informações. O que provoca pura perda de
tempo e de dinheiro.
Sem que
exista justificação plausível, o brasileiro é identificado por vários números
de inscrição (carteira de identidade, carteira de motorista, título eleitoral,
título de reservista, CPF, SUS, PIS/Pasep, e vai por aí afora. Nesta toada, as
certidões negativas têm merecido destaque. O curioso é que, com referência ao passado, as
certidões têm validade para o futuro (seis meses).
Assim, a
sociedade brasileira está vivendo um momento de decepção e indignação ante as
denuncias envolvendo os partidos políticos, deputados federais e mesmo membros
do poder executivo ante as denúncias que se sucedem como um vendaval sem fim.
A reação da
sociedade é de indignação, o que por outro lado, é preciso lembrar sempre, que
vivemos em sociedade e, por conseguinte, todos os nossos atos são políticos,
quer por ação, quer por omissão.
Como bem
salientou Bertold Brecht (1898 – 1956): o pior analfabeto é o analfabeto
político. Ele não houve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos. Ele
não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do
aluguel, do sapato e do remédio, depende das decisões políticas. O analfabeto
político é tão ignorante que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a
política. Não sabe que de sua ignorância, nascem prostitutas, o menor abandonado,
o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e explorador das pessoas, das empresas nacionais e mesmo das
empresas multinacionais.